Fazer Dinheiro com Qualquer Trabalho ou Manter o Foco no Objetivo?

É fato sabido e notório que uma grande parte dos estrangeiros que se muda para o Brasil em caráter permanente acaba dando os primeiros passos profissionais no mercado  de trabalho brasileiro dando aulas de idiomas, seja inglês, espanhol ou qualquer outra língua em cursos regulares ou aulas particulares. É um jeito de ganhar um dinheiro e ocupar o tempo até que conquiste uma vaga de trabalho efetiva na área de atuação. Há, também, pessoas que topam serviços gerais ou operacionais, dependendo do grau de necessidade de dinheiro, e muitas vezes na informalidade, mesmo.

A decisão de se dar aulas de idiomas ou encarar subempregos é muito subjetiva, vai do consenso do casal e de suas necessidades mais emergenciais. Em meu caso, meu marido e eu conversamos muito sobre isso e, apesar de ele ter se mostrado inclinado a dar aulas de conversação em inglês, acabei convencendo-o a adiar esse plano naquele momento, porque fazer dinheiro a qualquer custo não era prioridade, os planos eram outros.

Certa vez, como já comentei neste post aqui, fizemos um trabalho freelance como recepcionistas bilíngues em um encontro médico. Conversando com uma das expositoras do evento, ela foi extremamente indelicada. Lá pelas tantas da conversa, em que o assunto era emprego fixo para meu marido, a mulher começou a falar que ele não poderia escolher emprego, que deveria pegar o que aparecesse pela frente, que ele deveria trabalhar como garçom, lavador de prato, o que viesse. Não tenho preconceito algum contra esse tipo de emprego, jamais, de maneira alguma, são empregos dignos e que, se fosse necessário, eu mesma encararia qualquer um deles. Mas o fato é que pessoas que trabalham em serviços gerais ou operacionais o fazem por falta de opção, instrução, experiência, oportunidade, raros são os casos de quem acredita que nasceu para esses ofícios sem querer evoluir para outros melhores. São trabalhos árduos, exaustivos e muitas vezes mal remunerados. Imigrantes brasileiros ilegais no Estados Unidos costumavam (e ainda costumam) a trabalhar nesse tipo de serviço, mas infinitamente mais bem remunerados. Lá, eles também não têm muitas opções por causa da situação ilegal e talvez, também, por causa do pouco domínio do idioma pela maioria deles.

O que acontece é o seguinte, meu marido é instruído, diplomado, em situação regular no país, com boas condições financeiras. Ele veio por minha causa e se a situação profissional estiver tão ruim assim, a ponto de ter de trabalhar arduamente para ganhar um salário mínimo, é lógico que é melhor que ele fique trabalhando lá no país dele em sua área de atuação e ganhando muito melhor. Pode não ser maravilhosamente bem remunerado, mas vai ter a satisfação de se trabalhar com aquilo que gosta, com o que dá prazer, fazendo valer o tempo e o dinheiro gastos frequentando uma universidade para um ofício que ele mesmo escolheu para seu futuro.

Eu disse à abençoada que falou que ele deveria lavar pratos que se ele tivesse mesmo que lavar, melhor seria ele (e eu) voltar para seu país e trabalhar por lá mesmo. E ela ainda teve a audácia de falar “que volte então”. Eu queria socar a cara daquela mulher, juro! E disse a ela que ela fosse lavar pratos, então, já que ela gostava tanto. Lamentável ter de discutir isso com uma estranha que nem sabe nada de sua vida, mas que quer dar lição de moral.

Sobre dar aulas de inglês, é algo que não descartávamos na época, mas a questão central era, tínhamos um objetivo específico e trabalhávamos com foco, queríamos uma vaga na área dele e não queríamos nos desvirtuar. Ele estudou muito para isso e, a cada processo seletivo, ele dava um passo a mais e ficava cada dia mais próximo do alvo. Trabalhando como professor, com carteira assinada ou não, ele teria horas de trabalho a cumprir, como iria administrar os cursos de aperfeiçoamento, as entrevistas e as ligações com um emprego em tempo integral? Isso acabaria dificultando o processo.

Claro que isso foi uma opção nossa, há pessoas que preferem encarar empregos alternativos para não ficarem ociosos e, claro, ganhar dinheiro. Acho super válido e vai da cabeça de cada um, afinal, nem sempre o que é bom para mim é bom para você. Então, não há resposta certa para a pergunta do título do post, você deve fazer o que for melhor, o que se encaixa mais adequadamente à situação. Em nosso caso, achamos que encarar empregos fora da área de formação do meu marido atrapalharia o processo de procura por emprego.

Se este post foi útil e esclarecedor, deixe seu comentário, curta e compartilhe! Obrigada!

Revalidação de Diploma Estrangeiro no Brasil

Quando ainda estava namorando, soube, muito vagamente, um pouco sobre revalidação de diploma estrangeiro no Brasil. Entretanto, meu conhecimento acerca do assunto só começou a tomar corpo e forma quando meu marido começou a mexer com a papelada para mudar-se permanentemente para o Brasil.

Acredito que a maioria saiba que há muitas profissões que somente podem ser exercidas em sua plenitude se você for associado, credenciado, inscrito no conselho de classe respectivo. Por exemplo: advogado. A pessoa que é formada em Direito e somente possui o diploma de Bacharel em Direito, NÃO pode advogar sem ser inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB. Para tanto, todos os bacharéis, aspirantes a advogados, devem prestar o Exame da Ordem. Caso sejam aprovados, serão agraciados com a famosa carteirinha da Ordem. Outro exemplo: engenheiro. O sujeito é graduado em Engenharia qualquer coisa (Mecânica, Elétrica, Produção, Química, etc.), para trabalhar como engenheiro pleno, assinando laudos técnicos e projetos sob sua responsabilidade, é preciso ser associado ao CREA (Conselho Regional de Engenharia). Mais um exemplo: médico. Mesma coisa, para clinicar e para toda e qualquer atividade na área médica, deve ser associado ao CRM (Conselho Regional de Medicina). E há inúmeros outros exemplos de profissões que requerem essas carteirinhas – fisioterapeuta, químico, arquiteto, dentista, etc.

Algumas profissões, como advogado, dentista e médico, possuem regras muito específicas e rígidas, e eles não podem exercer a profissão sem ser filiado e sem possuir a carteira de exercício profissional. Já vimos vários casos na mídia de médicos charlatões, que clinicavam mesmo sem nunca ter se formado em Medicina e outras bizarrices mais.

Tirando os profissionais da área de saúde e uma ou outra profissão de outras áreas, onde realmente não há escape e que, obrigatoriamente, devem possuir a carteira de registro profissional para exercer a profissão, as demais profissões podem ser exercidas sem esse registro. Aí surgem os cargos de supervisores, coordenadores, consultores, especialistas, analistas e assistentes das mais diversas áreas – jurídico, administrativo, contábil, engenharia, qualidade, etc.

Por que muitas empresas contratam profissionais sem o registro profissional? Porque se o registrarem como engenheiro, por exemplo, terão que pagar o salário mínimo básico da categoria respeitando a carga horária regulamentada, envolvendo conselho de classe, sindicato e tudo o mais. Ao contratá-lo como analista qualquer coisa, não terão obrigação alguma de pagar o salário básico de engenheiro. Lembrem-se que cada categoria profissional possui um piso salarial. É, basicamente, uma manobra para remunerar pior e não arcar com todos os ônus de uma contratação baseada em regras dos conselhos de classe. Há alguns cargos de analistas e outras designações que também exigem registro nos conselhos e o motivo é que, certamente, haverá laudos técnicos para assinar, termos de responsabilidade, etc.

É óbvio que, antes de mais nada, a pessoa deve ser devidamente graduada em um curso técnico ou superior, ou seja, ter um diploma, para depois se registrar nos conselhos correspondentes. Mas o que isso tudo tem a ver com o seu estrangeiro que está se mudando para o Brasil? Absolutamente tudo a ver.

Espera-se que seu parceiro seja, no mínimo, estudante e maior de 18 anos. Na verdade, acho mesmo que a maioria deve estar se relacionando com alguém já formado e, se não formado, que pelo menos exerça qualquer atividade profissional que seja. Essa publicação é direcionada, portanto, exclusivamente a quem se relaciona com alguém que tenha algum DIPLOMA no EXTERIOR e queira TRABALHAR no Brasil utilizando-se de seus conhecimentos técnicos adquiridos em seu país de origem. Em outras palavras, se o seu parceiro estrangeiro é médico, arquiteto, engenheiro, contador, ou qualquer outra coisa no exterior e quer se mudar para o Brasil e continuar trabalhando na área de formação, há uma possibilidade bem grande de ter de revalidar o diploma.

Então, só para reforçar a informação, se a profissão dele for uma dessas em que é necessário o registro no conselho de classe, muito provavelmente ele precisará passar pelo processo de REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA antes. Lembrem-se bem disso e nunca mais esqueçam.

Como saber se essa revalidação é mesmo necessária para não gastar dinheiro e tempo à toa? Acesse o site do Conselho referente à profissão de seu estrangeiro em seu estado de domicílio ou verifique pessoalmente quais os documentos necessários para registro de PROFISSIONAL ESTRANGEIRO para que ele possa exercer a atividade aqui no Brasil. É quase certo que, dentre inúmeros documentos requeridos, um deles será a revalidação de diploma. Se não pedirem, pode comemorar, soltar fogos de artifício, pular uma micareta, fazer a dança da pizza, pois você teve muita sorte ao arranjar um marido com uma profissão “não problemática”.

Se o seu parceiro estrangeiro é médico, já pode começar a se descabelar, porque é elementar revalidar o diploma, até mesmo em caso de brasileiros que se graduaram em Medicina no exterior, como em Cuba, por exemplo. Há muitos brasileiros que cursam a faculdade lá e também em outros países da América do Sul em virtude do fácil ingresso comparado à dificuldade de ingressar nas faculdades de Medicina brasileiras com alta concorrência. Eles também precisarão revalidar seus respectivos idiomas para poderem trabalhar no Brasil.

Meu marido é engenheiro e pode trabalhar na área de formação dele mesmo sem ter o registro no CREA. Não pode ser registrado como engenheiro na carteira, claro, mas pode trabalhar como supervisor, coordenador, analista, etc. De qualquer forma, a maioria dos engenheiros trabalha nesses termos. Sendo assim, desistimos da revalidação e é pouco provável que isso aconteça um dia, simplesmente perdeu a razão de ser diante do desenrolar da carreira profissional dele aqui no Brasil.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. Se você digitar “revalidação de diploma estrangeiro” em qualquer site de busca, um monte de resultado vai aparecer facilmente, mas o site que interessa mesmo é o do MECDiz lá que, atualmente, para ter validade nacional, o diploma de graduação estrangeiro tem de ser revalidado por universidade pública brasileira que tenha curso igual ou similar reconhecido pelo governo.

O que isso significa? Se o seu parceiro tem diploma de graduação e/ou pós-graduação obtido no exterior e quer que sua formação seja válida aqui no Brasil, então ele terá de procurar uma universidade pública, que pode ser a de seu estado mesmo, seja universidade federal ou estadual, para dar entrada no processo de revalidação. Foi isso, então, que eu e meu marido fizemos, fomos à universidade federal aqui do estado onde moramos e procuramos o setor que trata do assunto (em nosso caso foi o setor diplomas) para nos informar exatamente sobre como é procedimento, quanto tempo leva, documentos requeridos, etc.

Diz lá, ainda, que para obter a revalidação, os seguintes passos devem ser seguidos, segundo a legislação:

a) Entrar com um requerimento de revalidação em uma instituição pública de ensino superior do Brasil. De acordo com a regulamentação, apenas as universidades públicas podem revalidar diplomas:

São competentes para processar e conceder as revalidações de diplomas de graduação as universidades públicas que ministrem curso de graduação reconhecido na mesma área de conhecimento ou em área afim.” (Art. 3º Res. nº 1, de 29 de janeiro de 2002)

ATENÇÃO AO SEGUINTE ITEM!!!

b) Deverão ser apresentados, além do requerimento, cópia do diploma a ser revalidado, instruído com documentos referentes à instituição de origem, duração e currículo do curso, conteúdo programático, bibliografia e histórico escolar;

c) O aluno deverá pagar uma taxa referente ao custeio das despesas administrativas. O valor da taxa não é prefixado pelo Conselho Nacional de Educação e pode variar de instituição para instituição;

d) Para o julgamento da equivalência, para efeito de revalidação de diploma, será constituída uma Comissão Especial, composta por professores da própria universidade ou de outros estabelecimentos, que tenham qualificação compatível com a área do conhecimento e com o nível do título a ser revalidado;

e) Se houver dúvida quanto à similaridade do curso, a Comissão poderá determinar a realização de exames e provas (prestados em língua portuguesa) com o objetivo de caracterizar a equivalência;

f) O requerente poderá ainda realizar estudos complementares, se na comparação dos títulos, exames e provas ficar comprovado o não preenchimento das condições mínimas;

g) O prazo para a universidade se manifestar sobre o requerimento de revalidação é de 6 meses, a contar da data de entrada do documento na Ifes.

O Brasil não possui nenhum acordo de reconhecimento automático de diplomas; portanto, as regras são as mesmas para todos os países.

Esses são os requisitos gerais de acordo com o MEC. As universidades públicas que ofertam a revalidação de diploma também podem solicitar documentos extras, que foi o que aconteceu em nosso caso, mas nada muito excêntrico. O problema é, todos os documentos solicitados que não estejam redigidos em português, DEVEM SER LEGALIZADOS NO EXTERIOR E TRADUZIDOS POR TRADUTOR JURAMENTADO e foi por isso que tivemos que adiar nosso plano de revalidar o diploma naquela ocasião, porque a tradução de tudo sairia uma pequena fortuna. Fiz uma estimativa de valor e somente as traduções não sairiam por menos de 10 MIL REAIS em um prognóstico bem otimista. Uma vez, procurando relatos de quem já revalidou diploma estrangeiro no Brasil, li o caso de uma brasileira que se formou em Medicina no exterior e estava tentando revalidar seu diploma. Ela gastou em torno de 20 MIL REAIS nas traduções. Tudo bem que a documentação solicitada para quem quer revalidar diploma de médico é muito mais, mas mesmo assim, é muito dinheiro.

O problema é que você não tem garantia alguma de que seu diploma será revalidado ao final do processo, pode ser que a comissão avaliadora julgue a graduação cursada no exterior insuficiente e talvez o dinheiro gasto vá para o ralo. É um risco que se corre. Também há a possibilidade de se cursar as disciplinas faltantes ou cujo desempenho do aluno não tenha sido suficiente, o que também é um fator complicador da situação.

__________________________________________________

No ícone regulamentação, está disposto o seguinte:

A revalidação de diploma de graduação expedido por estabelecimentos estrangeiros é regulamentada pela Resolução CNE/CES nº 01, de 28 de janeiro de 2002, alterada pela Resolução CNE/CES nº 8, de 4 de outubro de 2007, as quais dispõem o seguinte:

1. São competentes para processar e conceder a revalidação de diplomas de graduação as universidades públicas que ministrem curso de graduação reconhecido na mesma área de conhecimento ou em área afim.

1.1.  O processo de revalidação de diplomas de graduação inicia-se com a homologação dos documentos relativos ao curso na Embaixada / Consulado brasileiro do país onde o estudante fez sua graduação;

2. Solicitação de requerimento de revalidação na universidade pública escolhida:

2.1. O processo de revalidação de diploma de graduação tem início, em cada instituição, no período correspondente ao seu calendário escolar;

2.2. O processo de revalidação será fixado pelas universidades quanto aos seguintes itens:

I – prazos para inscrição dos candidatos, recepção de documentos, análise de equivalência dos estudos realizados e registro do diploma a ser revalidado;

II – apresentação de cópia do diploma a ser revalidado, documentos referentes à instituição de origem, histórico escolar do curso e conteúdo programático das disciplinas, todos autenticados pela autoridade consular. Aos refugiados que não possam exibir seus diplomas e currículos admitir-se-á o suprimento pelos meios de prova em direito permitidos.

2.3. O aluno poderá pagar uma taxa referente ao custeio das despesas administrativas;

3. Para o julgamento da equivalência, para efeito de revalidação de diploma, será constituída uma comissão especial, composta por professores da própria universidade ou de outros estabelecimentos, que tenham qualificação compatível com a área do conhecimento e com o nível do título a ser revalidado;

3.2. Caso haja dúvida quanto à similaridade do curso, a comissão poderá determinar a realização de exames e provas (prestados em Língua Portuguesa) com o objetivo de caracterizar a equivalência;

3.3. O requerente poderá ainda realizar estudos complementares, se na comparação dos títulos, exames e provas ficar comprovado o não preenchimento das condições mínimas;

4. O prazo para a universidade se manifestar sobre o requerimento de revalidação é de seis meses, a contar da data de entrada do documento na instituição;

4.2. Da decisão caberá recurso, no âmbito da universidade, no prazo estipulado em seu regimento;

4.3. Esgotadas as possibilidades de acolhimento ao pedido de revalidação pela universidade, caberá recurso à Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE).

__________________________________________________

Fizemos 2 traduções juramentadas de dois dos documentos solicitados, do diploma e do histórico escolar apenas, que, ao todo, somaram 5 míseras páginas. O valor da tradução foi de R$ 340, mais as cópias autenticadas delas, que custaram R$ 61, ou seja, quase R$ 400 só com tradução juramentada. Isso foi há mais de 5 anos, atualmente pode ser muito mais.

Supondo que o diploma seja revalidado, então é só ir ao Conselho Regional da categoria profissional e dar entrada no procedimento do registro do profissional, o que não é nada simples também, diga-se de passagem. Toda a documentação solicitada para instruir o processo de registro, que inclui o diploma já revalidado por universidade pública, é encaminhado para Brasília para que o Conselho Federal analise todos os documentos e defira o pedido de inscrição. Dizem que ele analisam tudo com uma lupa, portanto, acredito que aqui também se corre o risco de, mesmo tendo seu diploma revalidado, ainda assim não conseguir obter o registro no conselho respectivo se assim eles entenderem.

Agora você deve estar se perguntando, POR QUE TUDO ISSO?

A resposta é bem simples: para proteger o trabalho e o emprego do brasileiro, o que, cá entre nós, é uma besteira. Os trabalhadores brasileiros não são prejudicados pelos poucos estrangeiros que aqui vivem, mas são extremamente prejudicados por sucessivos governos corruptos que, além de desviarem fortunas em benefício próprio, ainda querem prejudicar todos os direitos trabalhistas e previdenciários conquistados pelos brasileiros. Situação difícil.

Se este post foi útil e esclarecedor, deixe seu comentário, curta e compartilhe! Obrigada!

Fase de Adaptação do Estrangeiro no Brasil – Como Ocupar o Tempo e a Mente

Passadas as semanas iniciais aqui no Brasil, quando meu marido ainda estava conhecendo pessoas, explorando lugares e experimentando comidas, eu me preocupei em fazê-lo ter uma rotina. Já diz o ditado que a mente vazia é oficina do diabo, então tratei de não dar sorte ao azar. Acho mesmo que a rotina traz disciplina e nos ajuda a ordenar a vida em muitos aspectos.

Minha preocupação sempre foi em não deixá-lo se sentindo entediado ou deprimido pela falta do que fazer até que começasse a trabalhar, pois quem tem um parceiro estrangeiro morando no Brasil sabe que pode demorar um pouco para arranjar o primeiro emprego aqui se não houver dedicação total. Já falei um pouco sobre isso aqui e aqui. Foi pensando nisso foi que me preocupei seriamente em estabelecer uma rotina que aliviasse o stress dele por não trabalhar e não ter o que fazer.

Meu marido não é uma pessoa muito fácil de lidar e é claro que ele resistiu às minhas tentativas sutis de estabelecer rotina. Foi difícil conseguir dobrá-lo com as minhas sugestões e foram poucas as coisas as quais ele assentiu. Mas por saber da importância disso é que quero alertá-los, afinal, ninguém quer um parceiro nervoso em casa e que fique descontando suas frustrações nas pessoas ao redor.

Como eu já frequentava uma academia diariamente e sabia que ele também tinha gosto pela coisa, sugeri que fôssemos juntos malhar. Nem preciso comentar sobre os benefícios da atividade física no corpo e, principalmente, na mente. Ele aceitou numa boa e por vários meses frequentamos sem maiores problemas. Então uma rotina, um compromisso meu marido já tinha, ir à academia. Não me lembro exatamente o motivo pelo qual ele parou de ir naquela época, mas lembro que ele reclamava por não ter um parceiro para executar as séries de exercícios junto com ele. Passado um tempo, ele acabou sentido falta de se exercitar e retomou a rotina de exercícios na academia.

Estudar português é outra coisa que eu queria muito que fizesse parte da rotina diária dele, mas como já comentei aqui, em meu caso não deu muito certo por causa da preguiça dele. Se ele tivesse frequentado o curso de português como eu queria, teria ocupado boa parte do tempo indo para o curso, estudando, voltando, fazendo os exercícios em casa, etc. Juntando o tempo de estudo de português mais a academia, já preencheria uma tarde inteira de atividades, de segunda a sexta, o que eu não acho nada mau, pode não preencher o dia inteiro, mas meio período de atividades já estaria garantido e estaria mais do que bom. Não foi o nosso caso, mas tudo bem, pelo menos eu tentei.

Outra coisa que eu acho importante é ter horário para dormir e acordar. Não pensem que sou militar e extremamente rígida com horários e afazeres, ou então que trato meu respectivo como se fosse uma criança, longe disso, mas também não acho que não ter hora para dormir e nem para acordar seja algo bom de se fazer durante a semana. Sábado e domingo tudo bem, durma a hora que quiser, passe a noite acordado, mas de segunda a sexta não é uma boa ideia. Seu marido pode não trabalhar, mas você certamente tem um monte de coisa para fazer, inclusive acordar cedo. Eu costumo dormir tarde, dificilmente antes da meia-noite, mas meu marido, durante certo período, ficava no computador até muito mais tarde que isso e dormia até quase a hora do almoço. Eu não acho isso legal, especialmente porque fazendo assim, todos os dias parecem iguais e sem graça. Não há distinção entre dias de trabalho e dias de descanso, tudo vira descanso e quando tudo vira descanso, a pessoa pode se cansar também e passar a se sentir um pouco inútil. Lembre-se que ele não estará trabalhando e não ter afazeres acaba fazendo com que ele se sinta sem perspectivas também.

O que eu quero dizer com tudo isso é que vocês não devem perder o foco, seu parceiro estrangeiro muito provavelmente não veio para o Brasil para descansar e se divertir, ele veio para se estabelecer e quanto mais cedo ele se organizar e criar uma rotina, mais fácil serão todos os processos. Não quero dizer que enchê-lo de atividades durante o dia irá resolver os problemas, mas também não posso dizer que não será benéfico. E lembre-se que quanto mais contato ele tiver com as pessoas, mais desenvolto e independente ficará, o que é ótimo sob muitos aspectos.

Também não se deve poupá-lo da divisão das tarefas domésticas, como ele passará mais tempo em casa que você, ele deve colaborar com a manutenção das tarefas. E sabemos muito bem como ajudar cuidar da casa ocupa um belo tempo e a mente também. Pouca gente gosta, é óbvio, mas faz parte, não é mesmo?

Então, basicamente, não o deixe livre e solto para fazer (ou não fazer) o que quiser, sugira atividades com entusiasmo para que ele também se contagie e faça as coisas com vontade. Ficar dia e noite no computador é muito tentador, em especial se ele sentir muita falta da família, dos amigos, ou do seu próprio país e cultura, mas isso não é saudável em tempo integral e é certo que vai acabar atrapalhando o processo de adaptação até que ele se estabilize plenamente.

Se este post foi útil e esclarecedor, deixe seu comentário, curta e compartilhe! Obrigada!

Site Gringoes e Expatriados

Como meu marido não tinha nenhuma atividade realmente relevante nos primeiros meses no Brasil, além de estudar português, ele acabou passando bastante tempo navegando na internet acompanhando notícias de seu país de origem e procurando relatos de estrangeiros que também estivessem na mesma situação em que ele estava, ou seja, morando no Brasil, pelo mesmo motivo ou não. Foi aí que ele achou o site Gringoes.

Esse site é, basicamente, um portal da comunidade estrangeira morando ou querendo morar no Brasil. É, também, destinado aos viajantes estrangeiros. De acordo com a descrição do próprio site, a experiência de morar ou viajar para um país no exterior pode ser muito angustiante, então o que o estrangeiro mais vai precisar é de informações. A FALTA DE INFORMAÇÃO pode resultar em uma situação realmente desagradável, choque cultural e ainda, em desconforto físico e, especialmente, desconforto mental. Informações sobre como encontrar um lugar para viver, colocar os filhos em uma boa escola, transporte público, compra de carro, abrir conta em banco, etc., são essenciais para uma mudança suave para um novo ambiente.

O site foi criado, então, para fornecer e ser fonte de informações para a crescente comunidade estrangeira no Brasil e a internet é, segundo eles, a forma ideal para esse propósito, porque é capaz de peneirar os guias desatualizados do passado. O enfoque é mais para a região de São Paulo, que é, ainda, o principal polo de imigração do país, mas os diversos tópicos de discussão objetivam tornar a estada no país a mais agradável possível e livre de problemas, ao mesmo tempo em que tenta não jogar água fria na empolgação de desbravar uma terra desconhecida. Ademais, o que eles desejam é prover mais do que informação, é criar uma COMUNIDADE VIRTUAL de estrangeiros no Brasil, onde eles possam compartilhar dicas, queixas, fazer amigos e organizar atividades. O site é gerido por uma pequena equipe de estrangeiros e brasileiros e eles dedicam muito tempo e esforço para atualizá-lo e melhorá-lo.

Em minha opinião, o fórum, onde os estrangeiros publicam tópicos de discussão sobre os mais variados assuntos, é a área mais interessante do site. E, como não poderia deixar de ser, os assuntos mais discutidos são procura por emprego, idioma, adaptação, cultura, educação e política. O grande problema, porém, é que há milhares de tópicos e ler tudo aquilo é quase impossível, além de cansativo. Mas se você quiser realmente se informar com profundidade, é uma boa fonte de informação, ainda que bastante parcial. Apenas se certifique de que o tópico que você criar não seja repetido, uma vez que talvez a resposta que você esteja procurando esteja em tópicos já discutidos anteriormente.

Eu e meu marido achamos o site interessante inicialmente, mas apesar de parecer ser um ambiente bem agradável e amigo, onde todos os gringos se unem para ajudar uns aos outros, não é bem assim que a coisa funciona, em especial se o tópico de discussão for sobre procura por emprego e a cultura brasileira, aí a coisa já não é tão friendly assim, infelizmente. Percebemos que quem consegue emprego e se dar bem no Brasil não tem nenhuma boa vontade de ajudar e dar dicas, e o que mais sabem fazer é debochar e ridicularizar os brasileiros, especialmente no grupo que eles mantêm no Facebook.

Claro que isso tudo é uma opinião muito pessoal minha e de meu marido (ele, na verdade, não está nem aí para a comunidade estrangeira), talvez quem já conheça o site e/ou o grupo possa pensar diferente. Eu não tive estômago para continuar acompanhando os posts e as discussões pelo nível de preconceito impregnado. Talvez até tenha sido por isso que eu criei esse espaço, pensando em ajudar brasileiros casados com esses estrangeiros (sim, porque muitos estão lá, reclamando também) de uma maneira digna e decente. Claro que há pessoas cheias de boa vontade e que não ridicularizam a gente, mas são poucas. De qualquer forma, acho que vale a pena, ao menos no início, perder um pouco de tempo explorando o site e o grupo do Facebook para tentar absorver as informações que possam ser úteis na prática, mas não acho que essa leitura substitua a pesquisa nos sites oficiais, por exemplo. Entretanto, por abranger um leque bastante amplo de assuntos, talvez a leitura e a participação em algumas discussões sejam frutíferas.

Quanto aos expatriados do mesmo país de meu marido, após fazer contato com uma porção deles que moram em nossa cidade, meu marido ficou extremamente decepcionado com a recepção, ou melhor, a não recepção deles. A maioria nem sequer respondeu às tentativas de contato que meu marido fez. As comunidades parecem ser muito fechadas, infelizmente, e sem vontade de se misturar. Eu, sinceramente, não entendo o motivo e particularmente achei meio infantil, porque panelinha é coisa de criança. Pode ser que futuramente minha impressão mude, mas acho difícil. De qualquer forma, é bom para o estrangeiro que se mantenha um pouco distante da comunidade de expatriados de seu país, pelo menos por um tempo, e especialmente no início, pois as chances de adaptação ao estilo de vida dos brasileiros vai aumentar muito, só se tem a ganhar. Será possível aprender o idioma mais rápido, habituar-se melhor aos costumes, fazer mais contatos. Mais tarde, quando já estiver relativamente adaptado ao estilo de vida local, aí não haverá maiores problemas em querer se enturmar com os expatriados, mas nos primeiros meses, eu sinceramente não aconselho, pois é o momento de absorver a nossa cultura e não ficar vivendo de nostalgia. Se não consegue viver essa nova realidade, é porque certamente não está preparado para estar aqui.

Se este post foi útil e esclarecedor, deixe seu comentário, curta e compartilhe! Obrigada!